Taty
Bin Laden é elogiado pelo terrorista Carlos, o Chacal


"O combate de Osama para libertar as três cidades santas ocupadas, Meca, Medina e Jerusalém, é também o meu", afirma Vladimir Illich Ramirez Sanchez, mais conhecido como Carlos, o Chacal, em entrevista publicada domingo pelo jornal "El Universal", de Caracas. O terrorista de origem venezuelana, preso há sete anos em Paris no presídio da Santé depois de ser condenado à prisão perpétua pelo assassinato de dois policiais e de seu informante libanês em 1975, afirma que Bin Laden não é o responsável pelos atentados contra os Estados Unidos.

"Se houvesse qualquer prova de envolvimento de Osama ou do governo do Afeganistão nos atentados de 11 de setembro, os ianques a mostrariam", ele afirma. Carlos considera que os ataques terroristas a Nova York e Washington "atingiram o centro de comando da agressão imperialista ianque contra os povos do mundo: militar no Pentágono e da especulação financeira em Nova York". "Os mortos são praticamente todos soldados inimigos, de uniforme no Pentágono e de gravata em Nova York", ele acrescenta.

Numa longa entrevista, Carlos explica seu fervor pela causa palestina e se declara solidário à "revolução bolivariana" conduzida pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, que desde sua eleição multiplicou as declarações a favor de seu compatriota, qualificando-o durante sua visita a Paris no início de outubro como "um homem honrado".

Carlos considera que "Bush Jr. lançou uma cruzada contra o povo muçulmano do Afeganistão" e que "a jihad dará a resposta". Ele acredita que se Yasser Arafat fez declarações renegando Osama Bin Laden é porque ele "colocou oficialmente a segurança e o destino do povo palestino nas mãos da CIA".

Ele espera que os Taleban não sejam vencidos pelos Estados Unidos, porque "eles defendem a revolução mundial", e prevê que a guerra se estenderá aos países vizinhos e ao mundo inteiro. "É inevitável. Será a justiça", afirma. O terrorista explica que se "converteu ao Islã em 1975". Para ele o conflito na Palestina "é o epicentro da guerra revolucionária em nível internacional. O movimento do jihad é a vanguarda do combate antiimperialista".

"Minha vida de militante é destacada, heróica e de uma trajetória excepcional. Não há espaço para remorsos ou arrependimentos", afirma aquele que continua acusado em vários casos ligados a atentados cometidos na França no início dos anos 80, nos quais mais de dez pessoas morreram e várias centenas ficaram feridas. Interrogado sobre os direitos das vítimas de seus atentados, ele responde que na França seus "direitos fundamentais são violados constantemente: visitas proibidas, isolamento total ininterrupto desde 15 de agosto de 1994" e que "as vítimas colaterais das ações revolucionárias são mínimas, comparadas aos bombardeios da Otan".

Além disso, Carlos afirma que as acusações da Justiça francesa "não têm base jurídica" e afirma que sua situação "é tragicômica" porque ele não foi extraditado e que "operava legalmente no Sudão", de onde foi raptado pela polícia francesa. Condenado à prisão perpétua em 1997, ele diz que não se resigna a terminar a vida na prisão, porque "a resignação é a antítese da revolução". Seu sonho é "voltar à Venezuela para viver o que se chama o repouso do guerreiro" com sua advogada, Isabelle Coutant-Peyre, que confirmou em 12 de outubro que vai casar com o terrorista assim que ela ambos conseguirem o divórcio.